Falsas acusações e histórico de violência: casal de Rio desencadeia tiroteio contra jovens inocentes

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Um passado marcado por ameaças e agressões

Josilene da Silva Souza, 42, cabeleireira, e Carlos Alberto de Jesus, 61, ex‑policial militar, não são desconhecidos das forças de segurança. Em 2009, Josilene teve seu nome inserido em três investigações distintas: primeiro, por ameaças e agressão simples em Duque de Caxias; depois, em 2018, foi acusada de violência doméstica em Rio das Ostras; e, mais recentemente, em 2022, tornou‑se vítima quando um ex‑namorado foi denunciado por lesão corporal contra ela, também em Duque de Caxias. Os desdobramentos judiciais desses casos permanecem obscuros.

O marido, Carlos, tem um registro mais enxuto, mas significativo. Em 2014, foi registrado um boletim na delegacia especializada no atendimento a mulheres, alegando ameaça. No ano seguinte, o caso evoluiu para investigação de violência doméstica, porém acabou arquivado sem condenação. Essa combinação de antecedentes cria um quadro de impunidade que, ao que tudo indica, influenciou as ações posteriores do casal.

O tiroteio e as consequências do

O tiroteio e as consequências do "justiça por conta própria"

No domingo, 23 de fevereiro, Josilene afirmou que seu celular havia sido roubado por Thiago Marques Gonçalves, 24, mototaxista, e Igor Melo de Carvalho, 31, estudante. Na madrugada de segunda‑feira, 24/02, o casal decidiu agir por conta própria. Após supostamente reconhecer as roupas dos dois jovens, Carlos sacou sua arma e disparou duas vezes, atingindo ambas as vítimas. Os homens, inocentes até o momento, foram surpreendidos por um ato que mistura falsas acusações e violência armada.

O incidente gerou comoção nas redes sociais e chamou a atenção da imprensa local. Comentadores apontam que casos como esse revelam falhas no sistema de segurança: a confiança em equipar o cidadão com armas, a falta de acompanhamento de antecedentes criminais e a vulnerabilidade de grupos como motoboys e estudantes diante de situações de abuso de poder.

As autoridades policiais abriram inquérito para apurar a autoria dos disparos e a veracidade das alegações de roubo. Enquanto isso, a comunidade de Duque de Caxias e da zona norte do Rio pede maior rigor nas investigações de violência doméstica e ameaças, argumentando que o histórico de Josilene e Carlos deveria ter sido monitorado mais de perto.

Especialistas em direito penal alertam que a prática de "justiça pelas próprias mãos" costuma resultar em tragédias evitáveis e agrava a sensação de insegurança. Eles ressaltam a necessidade de procedimentos padronizados para a checagem de denúncias, sobretudo quando há indícios de histórico violento.

O caso ainda está em desenvolvimento, e novos desdobramentos podem surgir à medida que a polícia aprofunda as entrevistas com as vítimas, vizinhos e as próprias autoridades que haviam tratado dos processos anteriores do casal. O debate sobre a responsabilidade do Estado em prevenir a reincidência de indivíduos com múltiplos registros de violência se intensifica, colocando em xeque políticas de acompanhamento e reabilitação.